A esterilização é um tratamento térmico desenvolvido no século XIX que consiste em expor o alimento e/ou o recipiente a altas temperaturas por um determinado período de tempo. O principal objetivo é inativar microrganismos patogénicos e outros agentes biológicos que podem deteriorar o alimento e prejudicar a saúde.
A técnica de esterilização pode ser aplicada tanto a recipientes que posteriormente receberão alimentos, como a alimentos.
A esterilização permite manter a maioria das características nutricionais e organoléticas do alimento. Um alimento esterilizado pode ser armazenado à temperatura ambiente por um longo período de tempo. O sucesso da esterilização depende da combinação de tempo e temperatura, de acordo com a taxa de penetração de calor no alimento. O meio em torno do qual o alimento se encontra, o seu tamanho e forma, o material do recipiente, o tipo de manuseamento e a resistência térmica dos microrganismos, são fatores a ter em conta. Existem tabelas orientadoras com valores médios de tempo e temperatura a utilizar em função do alimento.
Pasteurização
A pasteurização, assim designada em homenagem a Louis Pasteur, é também um tratamento térmico cujo objetivo é maximizar a destruição de microrganismos patogénicos e minimizar as alterações químicas do alimento, aumentado o seu tempo de vida útil. Dado que neste processo podem persistir organismos vivos capazes de se desenvolver, a pasteurização poderá ter que ser combinada com outros métodos de conservação, como a refrigeração (por exemplo, o iogurte).
A pasteurização é uma técnica feita industrialmente, sendo o tipo mais utilizado a UHT (Ultra High Temperature), através da injeção de vapor entre 130 a 150 oC durante 3 a 5 segundos, seguida de um rápido arrefecimento em vácuo. Atualmente, em Portugal, está a ser desenvolvida investigação na UA sobre pasteurização não térmica através de aplicação de alta pressão, mantendo texturas e aromas semelhantes ao produto não pasteurizado.
Conservas e enlatados
As conservas e enlatados resultam de técnicas de conservação que passam por processar termicamente os alimentos e selá-los em recipientes apropriados, esterilizados, e hermeticamente fechados. O objetivo principal é prolongar o tempo de vida útil do alimento e promover uma utilização e consumo versáteis durante todo o ano.
Nas conservas e enlatados, os alimentos são processados de acordo com a sua tipologia e forma final para consumo (descascados, picados, fatiados, cozidos), e colocados preferencialmente em recipientes de vidro ou metal.
A aplicação da técnica de enlatar os alimentos é feita esencialmente em ambiente industrial, onde os alimentos dentro de latas são sujeitos a elevadas temperaturas por um período muito curto de tempo, mantendo grande parte do seu valor nutricional.
Na preparação doméstica de conservas, numa primeira fase, os recipientes, normalmente de vidro, devem ser esterilizados através da colocação em água a ferver durante alguns minutos. Seguidamente insere-se o alimento a conservar no seu interior juntamente com outros ingredientes adequados a uma conservação natural (limão, azeite, ervas aromáticas, vinagre, açúcar, sal) e submete-se o recipiente a um segundo processo de esterilização entre 15 a 20 minutos.
Descrição
A aplicação de altas temperaturas é um dos métodos mais utilizados para preservar alimentos.
Rótulo
Benefícios
O principal benefício dos processos térmicos de esterilização, pasteurização, conservas e enlatados é aumentar a vida útil do alimento, que pode estender-se por vários anos, mantendo, no essencial, as suas características organoléticas (textura, aspeto, nutrientes) e garantindo segurança alimentar se cumpridas todas as boas práticas em termos de processamento dos alimentos e higinenização dos recipientes.
Estes processos de conservação oferecem grandes vantagens para o consumidor: diversidade de sabores, aromas e apresentação, versatilidade, possibilidade de consumir o alimento de imediato ou em qualquer altura do ano, durabilidade, poupança de tempo e dinheiro, facilidade de armazenamento e transporte.
Destaca-se, ainda, o facto de que os alimentos sujeitos a estes processos mantêm quase intacto o seu valor nutricional. As conservas de pescado, por exemplo, podem ser um alimento de grande interesse, dado o seu teor de proteínas, vitaminas e minerais.
Do mesmo modo, o aproveitamento do líquido ou molho que envolve um alimento em conserva ou enlatado muitas vezes pode ser aproveitado para outras utilizações complementares (por exemplo, a aquafaba - água resultante da cozedura do grão de bico, pode ser utilizada para preparação de uma maionese vegan). Os processos térmicos de conservação de alimentos permitem, assim, reduzir o desperdício alimentar.
A garantia de segurança dos processos de esterilização, pasteurização, conservas e enlatados prende-se com o cumprimento das regras de segurança alimentar e com a qualidade da matéria-prima.
Assim, devemos: - Higienizar e preparar corretamente os alimentos (por exemplo, fatiar ou dividir em porções iguais); - Confirmar o bom estado do recipiente, descartando embalagens que apresentem roturas ou aspeto deformado, dado que podem deteriorar ou mesmo comprometer a qualidade e segurança do alimento; - Preencher completamente o recipiente onde se coloca a conserva ou enlatado para minimizar a presença de oxigénio; - Armazenar as conservas e os enlatados em locais frescos e arejados; - Após a abertura de um alimento enlatado, deve-se consumir o mais rapidamente possível. Contudo, se existir excedente, não deverá ser acondicionado no frio em recipiente metálico; - Após a abertura de um frasco com um alimento em conserva, devemos fazer sempre uso de utensílios limpos a cada utilização; - Ler atentamente os rótulos e cumprir as recomendações, levando em conta que, consoante os ingredientes utilizados para a conservação do alimento, a sua durabilidade pode variar.
Mais referências
Almeida, A.S. (2012) Validação do Processo de Esterilização de Refeições Prontas a Comer Enlatadas. Relatório de Estágio para Obtenção do Grau de Mestre em Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar.
Noronha, J.F. (1999) Notas sobre Processamento Térmico de Alimentos. Coimbra.
Faustino, R.C.S. (2013). Processos Emergentes de Produção e Conservação de Alimentos. Dissertação de Mestrado em Tecnologia de Alimentos. UALG.